sábado, 27 de fevereiro de 2016

Vida e movimento

Se tem uma coisa que eu, do alto da minha tão incompleta sabedoria, tenho aprendido cada dia mais é que a vida não para. A vida não espera nossas lágrimas secarem, nossas dores passarem, nossos medos se curarem, não espera a gente levantar do tombo ou tirar os pontos. O trem da vida não pára numa estação e deixa você descer um pouco pra tomar um ar, movimentar as pernas ou aliviar o enjôo de viagem. Ela anda, ela corre, furiosa, incansável, incessantemente. Ela não espera você recuperar o fôlego, amarrar o cadarço, não tem função soneca. Ela te puxa, te prende, te carrega, como um mar revolto.

A vida não espera você estar menos cansado, menos abalado, menos apavorado. Ela continua. O mundo continua girando, as pessoas nascendo, vivendo, morrendo, as folhas do calendário passando, os ponteiros do relógio andando, a bolsa de valores continua subindo e descendo, a inflação continua crescendo, a ciência continua fazendo descobertas incríveis, as células continuam se reproduzindo. A vida pulsa ao redor, o tempo inteiro.

Eu aprendi que tenho forças pra continuar nesse trem. Não existe enjôo de viagem, sono, cansaço, dor ou medo que me impeça de continuar. A vida que flui lá fora também flui dentro de mim. E é só uma questão de tempo pra se adequar à essa eterna fluidez. A gente aprende. Aprende a viver e aprende a amar a certeza de estar sempre em movimento.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Faltas

"Apaixone-se por alguém, e não pela ideia de estar apaixonado".

Às vezes é tão difícil saber separar as duas coisas, e tão difícil saber diferenciar uma simples fase do desinteresse completo, é tão difícil saber o que é comodismo e o que é descaso... É fácil às vezes se sentir confortável com o que já se conhece, a rotina, a mesma pessoa, as mesmas palavras...

Mas também não é difícil se cansar da monotonia, da falta de atitudes, da falta de interesse. Não é se cansar de uma pessoa, e sim do que ela veio a ser, do que ela deixou de ser, é do que ela deixou de ser que a gente sente falta. Falta de interesse, falta de atenção, e de repente quem preenchia suas faltas e transbordava seus vazios enchendo com tudo aquilo que havia necessidade começa a deixar de fazer falta, porque a gente começa a ser um tanto faz. E de repente assumir pra si mesmo que as coisas não são mais como antes, que é preciso mais - mesmo que tanto já tenha sido dito -, dói dentro da gente. A gente se permite sonhar, acreditar, planejar, "expectativar", pra depois murchar como um balão de gás esvaziando aos poucos e silenciosamente.

Dá medo de não precisar mais do outro depois de aprender a gostar de estar sozinho.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Pelo direito de magoar as pessoas


I’m baaaack! Depois de um período ausente aqui, não por seca criativa e mais por preguiça generalizada, estou de volta, e com um tema tão reincidente na minha vida que simplesmente eu não poderia deixar de escrever. Pode parecer chocante à primeira vista, pode parecer egoísta, mas não é: escrevo pelo direito de magoar as pessoas.

Quando eu falo aqui em magoar, não falo em ofender ninguém. Explico: percebo muitas pessoas, assim como eu, vivendo reféns da imagem que os outros têm delas, ou do que deveriam ser, na visão das outras pessoas. Ser feliz é uma decisão tão pessoal e depende tanto do conceito extremamente subjetivo de cada um que não se pode viver a partir de fórmulas, nem de teorias alheias. Conheço pessoas que dizem torcer (e eu realmente acredito que torçam) pela felicidade de um amigo ou parente, mas não aceitam a forma como a pessoa se sente feliz. É um “eu aceito que você seja feliz  desse jeito”. E não é assim que funciona. Acontece, então, que pra não magoar as pessoas que amamos, negamos a nossa própria natureza, forjamos sentimentos e traços de personalidade que não são nossos na tentativa de fazer os outros serem felizes. E a nossa felicidade fica cada vez menos pessoal e mais distante. Às vezes, chegamos ao cúmulo de mentir sobre alguns aspectos de quem nós somos para que os outros se sintam felizes, nos afastando cada vez mais do nosso próprio eu... Para fazer feliz uma pessoa que não percebeu, na verdade, que essa própria conduta forçada nos torna pessoas infelizes, cansadas, por vezes até culpadas. Nós não temos responsabilidade sobre a projeção que o outro faz em nós, temos responsabilidade de respeitar o outro e buscarmos a nossa felicidade da maneira mais autência.

E o que isso tem a ver com o direito de magoar? Simples: temos todos o direito de sermos sinceros. Mais que isso, temos o dever de sermos sinceros. Não adianta passar a vida inteira mentindo pra gente, mentindo pro outro, e além de nunca ser feliz, a nossa mentira não vai contribuir pra felicidade do outro. O direito de magoar é assumir, acima de tudo, o direito tão essencial de sermos nós, sem nós. Assumir que somos pessoas que erramos, temos defeitos e nem sempre somos exatamente aquilo que nos criaram pra ser. E isso não deveria ser motivo de culpa!

Não é egoísmo. Todo mundo tem que ter o direito de ter sua privacidade, seus limites e suas paixões. Muita gente pode dizer “mas eu moro com meus pais, com amigos, não moro só e preciso dar satisfação da minha vida”. Até concordo, desde que isso não vá contra aquele espaço tão íntimo chamado privacidade, onde ficam nossos segredos ou simplesmente aquelas coisas que não queremos dividir com ninguém, porque são coisas nossas. E defender esse direito mesmo dentro de casa não é faltar com o respeito, é justamente exercer o respeito na sua forma mais linda: respeitar o direito de cada um a compartilhar o que quer, guardar o que não precisa ser exposto e aceitar que cada um tem seu direito de agir por si só, porque são as experiências pessoais que ensinam as lições mais valorosas.

Todo mundo tem que ter o direito de não aceitar e muito menos acatar conselhos que não foram pedidos. Todo mundo tem que ter o direito de agir de acordo com seus próprios valores, sem se preocupar se vai magoar alguém que não está absolutamente envolvido nas nossas atitudes e não será atingido por elas. Todo mundo tem o direito de dizer chega, basta, não quero, agora não, não quero falar, não concordo, tenho outros planos pra hoje, minha opinião é diferente, respeito sua opinião mas não concordo com ela. Isso não é desvalorizar o próximo nem suas vivências, experiências e opiniões: o direito à não-coletividade nos faz, inclusive, pessoas mais pacientes, maduras, seguras e até mesmo pacíficas. Nosso pavio não fica curto tão fácil sem ninguém ditando o que é certo ou errado em cada decisão que tomamos. Valorizamos, dessa forma, muito mais os conselhos e opiniões dos outros: quando eles são necessários e a gente pede, prestamos realmente atenção e fazemos dele algo útil nas nossas vidas.

Eu defendo o direito de magoar. Defendo o direito de ser eu, de não ser a projeção da minha família, dos meus amigos, do meu namorado, dos meus professores, dos meus vizinhos. Ser eu mesma não me torna uma pessoa egoísta, arrogante, prepotente ou imoral: me torna uma pessoa autêntica, criativa, mais madura por mim mesma e, acima de tudo, mais feliz e até mesmo mais amorosa.

A felicidade vem das experiências que temos, das escolhas que fazemos e das lições que tiramos dos nossos erros e das nossas alegrias. Não nos tornamos más pessoas por isso. E ninguém pode impor isso a nós, nem mandar nas nossas decisões. Ser feliz é obrigatório. Lembre-se: você é a única pessoa que vai ser obrigada a conviver com você mesma o resto da sua vida.

Você concorda que o direito de magoar pela sinceridade deveria ser lei federal para garantir a busca pessoal da tão sonhada felicidade? Haha


Beijos e até a próxima! ;)

sábado, 18 de abril de 2015

Pela IGUALDADE de gêneros

Eu sou uma das maiores defensoras dos direitos constitucionais, aliás, das maiores defensoras que já vi desses direitos, de homens, mulheres, gays, lésbicas, travestis, negros, deficientes, etc etc etc. Mas usarei outro texto para defendê-los, porque o tema hoje, pra mim, não é exatamente o porquê de uma classe não ser inferior à outra, e sim por que elas são iguais.

Em um país onde tanto se fala da igualdade (e aqui vou frisar a igualdade de gêneros), e é óbvio que ainda há muito, muito pra ser conquistado em termos de plena liberdade de direitos, muito me admira que uma discussão tão importante tenha perdido sua essência no decorrer do percurso. Defendiam a igualdade, e hoje já estamos em vias de superioridade de gêneros. 

Foi aprovada há pouco tempo a lei do feminicídio. Alguém, por favor, explique à minha “leiguice” por que matar uma mulher é um crime mais grave do que matar um homem? Explicando a quem não sabe ainda sobre a lei: ela torna um crime mais grave matar uma mulher em caso de discriminação de gênero ou violência doméstica, ou seja, a pena do réu para esses casos é maior que em um homicídio sob outras circunstâncias. E aí eu te pergunto: por quê? A vida de uma mulher vale mais que a de um homem?

Obrigada, feministas, por terem lutado pelo direito que hoje eu tenho de usar calça, saia curta, me maquiar como eu quiser, dançar ao som da música que eu mais gostar, poder estudar o curso que mais me agradar, casar se eu quiser e com o homem que eu quiser, e exercer meus direitos de cidadã. Mas creio que vocês devam estar envergonhadas com a distorção dos direitos que vocês tanto lutaram para defender: vocês lutavam pela igualdade, e hoje nós estamos presenciando uma disputa para ver quem é melhor e merece mais. Será que, em pouco tempo, também teremos cotas para mulheres em universidades – como se não tivéssemos capacidade intelectual suficiente para conquistar nosso próprio lugar ao sol em uma boa instituição pública? Vagas exclusivas para mulheres em estacionamentos, notas especiais para obter a CNH nos processos do Detran, desconto na compra de absorventes nos supermercados pelo simples fatos de sermos agraciadas com cromossomos XX? 

Entro aqui também, com receio porque sei que corro grandes chances de ser taxada de homofóbica – e estou muito, muito longe desse rótulo com toda certeza -, na superioridade defendida por alguns ativistas LGBT. Se eu opto por não ser, digamos, amiga de uma pessoa hétero pelo simples fato de não termos basicamente nenhuma afinidade, serei tida como antipática e talvez até chamada de uma grandessíssima vaca, e nada além disso. Se a mesma situação acontece, no entanto, com um gay, eu serei... isso mesmo, homofóbica! Apenas por escolher não ter em meu círculo de amizades uma pessoa com a qual não identifico interesses em comum – não estou falando de interesses sexuais. Diferentemente do que muitos pensam, a vida de um gay não gira em torno de homens sarados e ir para festas baphônicas, ou uma mulher que pensa ser homem se vestindo como tal e dando de machinha. Sinto decepcionar meus leitores radicais, mas o homossexual é uma pessoa como qualquer outra do planeta, que tem atração por uma pessoa do mesmo sexo. No restante do tempo, ele é exatamente como você: trabalha, estuda, faz no mínimo três refeições por dia, tem uma família, amigos heterossexuais e um círculo social comum. Que decepção, hein? Eles são iguais a nós. Nem superiores, nem menos que qualquer outra pessoa. Durma com um barulho desses! 

Direitos iguais eu defenderei até me cansar e fazer lavagem cerebral nos preconceituosos e tolhedores de liberdades individuais. Mas por favor, não confundam com superioridade de gêneros.

Mulheres, sim, nós podemos trabalhar no que quisermos: motoristas de caminhão, pedreiras, chefes de grandes empresas, podemos ser grandes físicas, matemáticas, astrônomas e astronautas, como podemos também ser muito felizes sendo apenas a Amélia do lar. Homens, vocês podem ser tudo: cabeleireiros, maquiadores, professores, artistas, grandes empresários e engenheiros aeroespaciais. Gays, vocês podem ocupar a profissão que quiserem, terem a família que desejarem, beijar quem tiverem vontade. E o melhor é que todos podem fazer tudo isso onde estiverem, usando a roupa que quiserem e ninguém pode tirar isso de vocês. Por isso é que somos iguais: mesmos direitos, mesmos deveres. Apenas.

Oi, pessoas!

Bem-vindos ao meu novo blog!

Tenho como objetivo expor aqui a minha opinião (e muitas, muitas vezes, minha indignação) sobre temas do cotidiano. Acho que podem chamar isso de crítica social, mas despretensiosamente (ou não), vou além: críticas pessoais, políticas, culturais, e por aí vai.

Agradeço desde já aos meus sempre fiéis leitores e aos leitores que ainda virão. Concordem (ou não), comentem, curtam, compartilhem, discordem e critiquem se for necessário. Que esse seja um espaço de construção e crescimento de ideias dessa possível futura jornalista e de seus possíveis futuros leitores!

Um beijo